quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Anderson Lima Produtor Pantalhaços

O mês de férias brindou Campo Grande com uma explosão de eventos artisticos e um desses eventos foi a Pantalhaços - Mostra de Palhaços do Pantanal. Uma mostra de espatáculos de rua ou não, que trouxe para perto do público a figura do palhaço! Homenageando os atores Breno Moroni- palahaço, mimico, faquir, contorcioanista, engolidor de fogo - e Carmo Martins de Araujo, o Peninha - palhaço, trapezista e equilibrista. A Pantalhaços aconteceu nos dias 13 à 17 de julho em vários pontos da cidade e apresentou além de espetáculos, oficinas e palestras. Para saber mais sobre sua produção e o evento a Najon entrevistou um dos produtores, o Palhaço do grupo Flor e Espinho: Anderson Lima.




Quem é você e o que faz?

Anderson Carlos de Lima e faço um monte de coisa.

Como foi a produção do Pantalhaços?

A Pantalhaços é uma produção da gente, Flor e Espinho com o Circo do Mato, e quis que ela aumentasse um pouco mais. Já é a terceira edição, e as edições anteriores foram pequenas e com pouco público. A gente quis a saída da feira central, onde ela acontece e teve uma surpresa: as expectativas foram alcançadas e acima do esperado. Muita mídia, muita televisão, muito jornal impresso e muita participação do público. O público chegou como a grande surpresa, não esperávamos tanto público curtindo os palhaços.

O que é a Pantalhaços?

A gente tem a pesquisa dentro do Flor e Espinho do palhaço, já começado há algum tempo, e o Circo do Mato também tem a pesquisa deles. E o palhaço tem sofrido alguns preconceitos, algumas pessoas usam o termo pejorativamente, existe um certo preconceito da classe artística com a arte do palhaços, algumas pessoas acham que é uma arte menor. A própria sociedade acha que é coisa de criança, quer dizer é um mundo muito desconhecido, e a gente que é apaixonado por essa arte e tenta trabalhar da maneira mais séria possível, estudando, buscando conhecimento com os mestres. A gente quer que a coisa seja corrigida e espera que a mostra caminhe nessa via de mostrar a sociedade, e à própria classe artística que para ser palhaço precisa estudar muito!

O público estava em contato com vocês, como foi a recepção?

A arte de rua tem isso. A arte de rua tem esse desafio, a gente nunca sabe o que vem. Acho que por isso é tão gostoso e a gente gosta tanto de fazer rua. Apareceu um cachorro, um bêbado... A mostra, a gente quis descentralizar, fomos pra orla morena, pra feira central e no horto montamos o palco principal, mas as vezes o público passa um pouco do limite. Creio que é falta de educação mesmo, falta de acesso. A experiência que a gente tem com o Festcamp, que a gente faz com a ACP, tinha conhecimento do público de Campo Grande. Por exemplo, a gente não poderia cobrar e quando a gente faz a curadoria, sabe que espetáculo trazer. E um dos reflexo disso é a criança querer bater no palhaço, o próprio pai incentivar isso, então tivemos que falar para as crianças parar por que estavam atrapalhando o espetáculo. Em outro, como no Sob Controle, esperamos a oportunidade e jogamos água na criança, por que o espetáculo permitia, em outros não tem essa abertura.

Patrocínio, não cobrar entrada, como levantar um evento?

É muito cruel isso. Eu preferia chegar para o governo e dizer a ideia do projeto é essa, e precisamos da grana para fazer isso e não ter que lidar com prestação de conta por que isso é tercerizar. Se as pessoas não confiam nos artistas, então que faça a prestação de contas, ou melhor, que contrate o que a gente pede. Poderia chegar para a fundação de cultura, fazer toda a gestão e entregar nas mãos deles. Eles pagam e não teria tanta dor de cabeça mas não é assim. Tercerizam nosso trabalho, demoram para liberar o dinheiro, lei Roaunet não existe aqui para gente, é só nos grandes eixos Rio, São Paulo, Paraná e trabalhamos o ano inteiro para isso!


Como artista de rua e palhaço o que você espera do evento

Olha eu acho que Campo Grande precisa, e toda população precisa de ter acesso a cultura. A gente pode falar em vários campos do que a cultura promove nos seres humanos. Desde que se descobriu o fogo, uma pessoa tinha um dom, talento. e ia para frente do fogo e brincava com a sombra e ali tinha uma celebração cultural, artística ali! E todo ser humano necessita isso, além dos direitos básicos a saúde, ir e vir, o acesso a cultura e é o que menos se oferece. Qual o investimento real do governo do estado dentro dessa área? E a gente faz esses eventos para que a sociedade tenha acesso, possa cobrar mais o poder público e participar. A gente viu os secretários participando da mostra e esperamos que os gerentes do poder tenham os olhos mais voltados a essa área!

Qual o espetáculo que mais gostou?

O nosso é claro! Risos. Meu espetáculo é maravilhoso! Todo mundo tem que ver o Sob Controle. Bom, eu não vou falar por que é uma situação muito complicada. A gente tem um carinho muito grande pelo Circo do Mato, que são nossos parceiros. A gente gosta muito da estética deles, dá palpite nos trabalhos deles assim como eles nos nossos. Mas o que eu acho mais bacana que essa mostra trouxe e foi diferente das outras é a inserção de quem estuda. O Mauro(Circo do Mato) trouxe os alunos dele, de ver a “mulecada” já com um trabalho na mão, monociclo, tecido. Os meu alunos, resultados de oficina, o pessoal de Dourados que apresentaram aqui, de Nova Alvorada do Sul, já com trabalho também, crescendo, que trabalha junto. Isso que é o mais bacana, a mostra com esse caráter formativo. Trouxemos de fora o Breno Morani, que é uma figura muito importante nesse meio, na edição passada trouxemos o João Lima da Bahia. Então isso tem apresentado resultado. As pessoas tem se preocupado com a formação e, como o grupo Desnudos Del Nombre que participaram de várias oficinas e tem um espetáculo pronto. Isso é o mais bacana da mostra, além do Sob Controle é claro!