quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Entrevista Fran Gomes!

Franciele Gomes, estudante de artes visuais na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS. Eclética, sempre foi apaixonada pelas artes, pintura, fotografia, escultura, etc. É organizadora das Vernissages que acontecem no Rockers bar, e em agosto nos cedeu esse entrevista sobre a primeira exposição que realizou!



De onde surgiu a ideia de uma exposição?

O pessoal do Rockers é nosso amigo, o Cláudio e o Manciba, já há algum tempo. Desde que surgiu o bar, conversávamos sobre música, pintura, escultura, tudo anda muito junto. E eles viviam me cobrando: por que você não faz uma exposição sua aqui pra mostrar as obras? Questionei: mas só minha? Não, vamos organizar direito. Então, quando a gente decidiu fazer, eu já tinha uma noção maior da coisa, agora que estou pra me formar. Aí, a gente se reuniu e tomamos a iniciativa de fazer uma coisa legal, galeria, e lá tem um espaço legal, é um barzinho pra todos os gostos. Convidei alguns amigos da faculdade, porque dentro da faculdade você conhece quem tem um trabalho legal. Chamei mais quatro estudantes. Ficou uma exposição muito bacana, com cinco estilos diferentes e bem próprios.

Quem são esses cinco artistas?

Sou eu, com sete obras. As minhas obras não tinha uma sequencia pois foram obras que desenvolvi durante o curso! Umas abstratas e algumas sem nome, bem coloridas e contemporâneas. O Ivan Luis com as hiper-realistas. As três pin-ups deles. O Joni Lima com cinco obras, influenciadas pela pop art, retratam Pink Floyd, Bob Marley, Jim Morrison. O Zé Henrique, com três obras, mais abstratas e expressionistas. Como o quadro do Marilin Manson e uma mais conceitual com o Marcelo Dourado segurando uma bandeira gay. E cinco obras da Lady's Paty que são bem coloridas e surrealistas! E o pessoal dizia que lembrava muito de Alice no País das Maravilhas. Ela apresentou um trabalho que foi bem apreciado: colorido a lápis de cor e composta por quatro quadrinhos. Então são cinco artistas, bem variados.



Quais as intenções da vernissage?

A intenção é levar a arte pra qualquer ambiente. Mostrar que a arte ela pode estar em qualquer lugar, pra qualquer classe social! Começar a divulgar essa cultura da arte para todo mundo e em todos os espaços. A gente tentou colocar um preço bem acessível, isso é importante. É bom pra gente que está começando, é bom pra quem ainda não sabe apreciar uma obra e a gente sabe que a situação não está boa para todo mundo. Conseguimos vender algumas obras, e depois elas voltaram para os artistas e para os dono, pois algumas já estavam vendidas. E também pode ser que vá para outros lugares. Além disso fomos notados, fomos vistos e de repente conseguiremos ir a outros espaços.

A arte ainda é um coisa elitizada, pra quem pode gastar com arte. Como isso foi visto?

Como a gente pensou nisso! Como é difícil por preço, e é uma coisa que dentro da academia a gente discuti muito: como por preço? E realmente o preço, o artista, é muito mais valorizada a obra quando ele vai para esse espaço institucional em que ele recebe esse reconhecimento. Então a gente colocou um preço acessível, porque a maioria não entende que obra tem um valor significativo! Nem todo mundo tem essa visão, essa cultura e poder aquisitivo pra comprar. Mas é uma coisa que a gente está aprendendo.

Vocês saem da faculdade agora e como foi essa saída da academia e entrada para um mercado? Já viu algum reflexo disso?

Para mim, como estou como organizadora, foi muito motivador. As pessoas apreciaram e elogiaram a iniciativa e isso é muito importante para o currículo. E acabei por começar muito tarde, e que isso fique como mensagem para quem está começando agora: de correr atrás disso sempre, e preencher o currículo com coisas que forem aproveitáveis, alguma coisa de conteúdo. Isso foi muito bom. Agora eu estou lá como curadora, organizando outras vernissages e levo para outras pessoas. Isso é importante também: chamar pessoas que estejam em contato com arte, para levar para outro lugares também. Mas foi bem difícil, é um trabalho de formiguinha.

A vernissage foi dentro de um bar. Como é isso de sair de instituições e ir a outros lugares?

Eu acho isso muito gratificante, engrandecedor. As vezes as pessoas tem vontade de ir a certos lugares mas por algum motivo nunca vão. Por que o circulo de amizades não vai, é muito caro, não tem tempo. Então com a obra de arte é a mesma coisa, as vezes as pessoas adoram observar um quadro, gostam de obras mas não sabem nem onde ir. Não vão ao Marco, a exposições, não vão a esses locais, então trazer isso pro Sys, pro Rockers, é dar oportunidade. O pessoal vai lá e olha: “Nossa que bacana, é assim que é. Então vamos lá no marco? Olha aquele artista que estava lá no Rockers vai expor no marco” isso é bacana. Então traz essa proximidade, é difícil? É difícil! Por quê? Por que a maioria não valoriza “ ah nossa mas esse quadro é muito caro”! Acha que é muito fácil e não é. Então tem tudo isso e tem pessoas que tem esse distanciamento, que acha que é caro! Mas as vezes, mesmo essas, estão se envolvendo com a questão da arte. E sempre se falou sobre levarem cultura para os espaços públicos. Então isso que a Erica fez no república, que tem no Sys, que a gente faz no Rockers é bem bacana. E os decoradores falam isso: que a gente tem que agradar todos os sentidos! Uma boa música para os ouvidos, uma bom quadro pra agradar a visão e o pensamento né? As vezes tem crítica, que nem esse meu quadro com o Mc Donalds é uma questão pra se pensar, isso que é interessante a arte que traz uma reflexão!

E qual foi a obra que mais te chamou a atenção?

Eu tenho uma teoria simples: tudo que os outro fazem eu acho que é melhor que o meu! Risos. Eu Acho muito interessante as obras do Ivan, é hiper-realismo que eu mesmo não faço, quer dizer já fiz na faculdade. Eu acho muito bonito. E é difícil falar, por que eu gostei muito de todos. Gosto muito do trabalho do Joni que faz com alguns músicos que marcaram mundialmente várias gerações. O trabalho da Paty também é bem marcante, com lápis de cor! E do Zé, que é um que eu acompanhei, durante a faculdade, o processo de trabalho. E quanto aos comentário: as do Joni foram bem comentadas pois é um lugar que eles gostam de rock. As do Zé criaram bastante polêmica, princialmente a do Marcelo Dourado e do Marilin Manson. A da Paty também, principalmente porque era lápis de cor e as minhas também por causa do conceito: a do Mc donalds e do passarinho que apesar de estar livre, ele está pintado com camisa de presidiário.