segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Festival de Arte e Tecnologia: Video Mapping entrevista Henrique Roscoe


Esta semana começa o Festival de Arte e Tecnologia 4.0. Realizado pelo curso de graduação em Artes Visuais da UFMS, oferece oficinas, mostra de artes, mesas de discussões e palestras com pesquisadores da PUC e UTFP. Este ano o Festival ofereceu uma oficina de Video Mapping com o Artista Audiovisual Henrique Roscoe que cedeu uma breve entrevista.
 


 Sua formação...

Sou formado em engenharia eletrônica e comunicação social, habilitação em publicidade e propaganda, e tenho uma pós em design.

.. e quando surgiu o Mapping?

Quando comecei a fazer os trabalhos de VJ, editar as imagens ao vivo, mixar imagens em tempo real em festas e eventos, e depois começou a acontecer isso no mundo. Como me interessei pela técnica de video mapping apareceram outros trabalhos e fui fazendo.

Você fala sobre um trabalho mais conceitual...

Na verdade tenho esse interesse. No trabalho de VJ e na maioria dos mappings é puramente estético, não tem uma parte muito conceitual, quando tem é uma coisa mais simples. Como o video mapping e o VJ é uma técnica, um jeito de fazer, pode-se usar para trabalhos mais conceituais e/ou experimentais que envolvam mais conteúdo que não seja só estético. No projeto Hol, faço isso: música mais imagem, com base num tema, desenvolvendo um conteúdo. Até o espaço de exibição é diferente. As exibições deste projeto geralmente são em teatros, festivais e lugares onde as pessoas estão dispostas a prestar atenção. Como se estivessem num cinema mas com tudo feito ao vivo. Tanto o VJ quanto esse projeto, faço tudo ao vivo.

E o Liga-lingha?

O Ligalingha começou no final do ano passado.  junto com o Fabiano Fonseca e com a ideia de construir instrumento específicos, para tocar numa performance, de som e de imagem. Controlamos tudo de forma integrada: os computadores, a parte analógica e os instrumentos. Tudo tocado ao vivo. Há algumas bases de bateria, pré gravadas, mas é o tempo inteiro com a gente no palco tocando os instrumentos e, por exemplo, algumas faixa de midi que controlam outras interfaces. Isso tudo é sicronizado de forma que o som case com a imagem resultando num produto bem orgânico.

O que é o Hol?

O Hol é um projeto meu. Cada ano faço uma performance de 30 a 40 minutos de duração. Desde 2009 fiz três performances diferentes e agora pretendo fazer mais uma este ano ou no começo do próximo, mas por enquanto utilizo as que eu já fiz. Tenho uns projetos de final de ano, comerciais, autorais, etc.

Como veio para o F.A.T. 4.0?

A Venise Melo entrou em contato comigo, mostrei um pouco do meu trabalho e conseguimos trazer o workshop. E aqui tá tudo bem, estou gostando. Achei importante trazer um tipo de trabalho de vj, de mixagem de video e música , além do mapping, porque aqui o pessoal não tem muito contato, quis passar um pouco de informação sobre isso. Agora a questão é mesmo do exercício. Os alunos montarão uma instalação para o Festival, passando por todos os processos desde edição do video, mapeamento e montagem do equipamento no local.
 O produto da oficina será apresentado em frente ao anfi-teatro da UFMS dia 25 de setembro às 18:30 e o Festival de Arte eTecnologia vai até o dia 28 de setembro, confira a programação completa no site www.fat.ufms.br.
 
FOTOS DA OFICINA POR KARLA CONTE
 
Thiago Moraes
NAJON
 

sábado, 22 de setembro de 2012

Campo Grande é do Teatro!


Não quero puxar a brasa para a sardinha de ninguém, muito menos apontar o que é bom e o que é ruim. Tenho apenas o intuito de fazer uma visão geral da produção de teatro em Campo Grande, uma espécie de panorama, por isso alguns nomes de grupos do teatro da cidade aparecem com mais destaque. Uma análise crítica ficará para um artigo futuro!

O teatro está dentro de Campo Grande: seja no circuito comercial ou no marginal, a cidade gosta de ver o corpo em cena. Em julho aconteceu a 4º Pantalhaços, trazendo palhaços de vários cantos do Brasil e também da América Latina. O evento demonstrou que a cada edição vem se tornando mais sólido e agregando valor não só para a cidade mas à pesquisa e à produção da palhaçaria. Os grupos Circo do Mato e Flor e Espinho são os realizadores do festival e, além da palhaçaria, desenvolvem outros tipos de dramaturgia, apresentando-se em palcos nacionais e internacionais. O evento trouxe resultados da pesquisa acadêmica "Mostra Itinerante" e o registro fotográfico de edições anteriores, projetos de Larissa Pulcherio. Agora no dia 25 de setembro o Flor e Espinho estréia Godgle

Logo depois foi a vez do teatro de rua tomar a cidade. Em agosto, o Imáginário Maracangalha levou teatro às praças da cidade abordando temas diversos e de várias formas. A "3ª Temporada do Chapéu" provocou, encantou e ocupou espaço no cenário cultural da cidade. Durante uma semana o público pôde apreciar espetáculos de grupos de todo o estado, entre eles M'Boitatá e Desnudos Del Nombre, além do próprio "Maraca" e Flor e Espinho. 

E em setembro Campão foi agraciado com a 2ª Bienal de Teatro realizada pelo Mercado Cênico, que mostrou e demonstrou toda a capacidade e diversidade do teatro contemporâneo. Música, dança, vídeo e todo tipo de tecnologia usada em cena para criar um outro mundo possível. Passaram por Campo Grande: Denise Stocklos, Teatro para Alguém, Corpomancia, Ginga, Teatro que Roda, BR S.A e Trio de Tantas. Ao final ainda houve um belo show teatral de Lilian Maira.

Estes três festivais foram muito bem-recebidos pelo público campo-grandense e demostram que Campo Grande têm qualidade de produção, colocando a cidade no mapa do teatro brasileiro sem dever a nenhuma outra capital metropolitana. Destaco também que esses festivais só foram possíveis, com patrocínio ou sem, pelo trabalho que todos esses agentes culturais desenvolvem há anos, criando condições para circular no estado e fora dele! 

Outros grupos independentes também apresentaram trabalhos que resultaram em reconhecimento estadual e nacional, como o "Cala a Boca e Grita", de Jair Damasceno, que foi apresentado em mais de uma cidade no estado, e "A serpente", da Cia OFIT. Esta última com esse trabalho de dois anos, já percorreu o território nacional participando do festival "Amazonia das Artes" e "100 anos de Nelson Rodrigues".

Campo Grande insere-se no mapa e na produção cultural e artística  nacional e internacional, e não só na área teatral: temos músicos, cineastas, artistas plásticos e produtores que são referências estaduais, nacionais e internacionais. Este ano ainda teremos outros festivais como FUC e o FAT para demostrar todo o potencial de campo grande na área artística.  Outro fruto do trabalho desses agentes é a participaçao na formulação da Carta de 1% da Cultura, criando um compromisso dos gestores da cidade para com as artes! 

Há muita coisa para se falar sobre esses produtores, outros festivais que não foram citados e outras produções que ficaram de fora. Também não desprezo as produções do mainstream, como Branca de Neve e os espetáculos que só o SESC traz para a cidade. E isso será feito e muito discutido por aqui, mas por hora quero agradecer a todos os artistas de Campo Grande e de fora por colocarem mais vida e mais cor nas ruas morenas!

Thiago Moraes
NAJON

sábado, 15 de setembro de 2012

Sarobá Paz e Amor


 
O evento realizado pelo Teatro Imaginário Maracangalha - abriu suas atividades ontem, 14 de setembro, com o Seminário Arena Aberta: Contracultura na contramão da realidade. Os convidados foram Daniel Abrão, doutor em Letras da UEMS, e Eduardo Ferreira, músico e ativista cultural de Cuiabá-MT.
 
 
 
 
Depois da saudação feita pelo ator Fernando Cruz em nome do Teatro Maracangalha, Daniel Abrão fez um relato histórico da contracultura, trazendo-a para a cena presente, numa abordagem que ele chamou de "o legado da contracultura". Para o professor, essa corrente é atemporal e passou a significar mais uma visão de mundo, uma atitude, do que somente uma categoria estética.


 
O músico Eduardo Ferreira, que participou por meio de conexão em vídeo, falou de sua experiência como artista ligado à contracultura e da necessidade de resistência diante da mercantilização da arte. Ele também apresentou algumas músicas, tocadas ao violão, e desafiou a plateia a acompanhá-lo em vivas "à desordem".

 
Entre o público, gente da academia e das ruas; da mídia, dos movimentos artísticos e sociais. Os presentes se manifestaram após as falas do professor e do músico, gerando um debate dinâmico, que se estendeu pela noite. Por fim, ao som de "Maracangalha", de Dorival Caymmi, houve dança e saudação coletivas.


 
O evento continua hoje, 15, com teatro, música, dança, apresentação de artes visuais, varal de poesia e intervenção artística (veja programação abaixo), a partir das 17h, no Lagunas Bar (Av. Euller de Azevedo, nº 27).
 
SÁBADO - 15/09 

Teatro:
Teatro Imaginário Maracangalha
figurinos de Fábio Maurício

Música:
Adão Reis e Kurikaka, Bossa que Samba,
Circo de Baco

Dança:
T´ikay e Quizumba.

Artes Visuais:
Gheva e o Paraíso.

Varal de Poesias:
Lobivar Matos e Daniel Guazina.

Intervenção:
Edna Maria


Por Ana Claudia Salomão Da Silva


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Bienal de Teatro: entrevista Patrycia Andrade


 
Segundo dia de Bienal, a peça "Solo( mas não só)", monólogo com Patrycia Andrade, do grupo Mercado Cênico, apesar de intimisata, fez o público sorrir com as indagações e vertigens apresentadas no palco. Como o próprio nome diz, a atriz representa um solo mas acompanhada de um músico e seu violino, além é claro da presença do público no palco. Patrícia concedeu uma breve relato de como concebeu seu monólogo em que cria, atua e dirige!
 
 
Como surgiu "Solo (mas não só)"?
 
Este trabalho veio de uma necessidade artística minha. Trabalho com o Mercado Cênico, sempre com o Vitor Hugo dirigindo e depois com uma criação coletiva: todo os atores colaborando entre si. Mas eu queria um trabalho próprio, uma dramaturgia própria que falasse do meu universo, o universo feminino, das minhas inquietações, do que passava durante esse período. Em 2010 fiz um workshop em São Paulo e tive a oportunidade de ficar em uma colina, longe de tudo. Foi num encontro entre 12 pessoas que a gente se descobriu artisticamente e até espiritualmente! A partir daí eu pensei em fazer meu próprio espetáculo, minha própria dramaturgia. São 15 anos de carreira, de teatro, e senti que esse seria o momento para ter um solo, que seria a minha linguagem. Quero que as pessoas se identifiquem e saibam, também, que eu sou personagem através do meu pensamento e da minha estética. Então veio essa poética! Conheci dois grandes poetas, a Patrícia Sampaio e o Edson Marques, que tratam da liberdade humana, de sair do lugar comume e das amarras que a sociedade impõe para ser livre como pessoa, sem ter medo de ser feliz. Daí nasceu uma dramturgis a que chamo de dramaturgia do desejo, porque esse é o meu desejo como artista: encontrar pessoas que são testemunhas dessa vertigem, dessa personagem. Acabam por entrar no inconsciente dela, que é aquela sala fechada! Este trabalho é recente, estreou em junho na Casa de Cultura Colaborativa e só está começando! Terá vida longa!
 
Ontem Denise Stoklos esteve na Bienal, também com um monólogo. Como foi para você?
Foi um peso e um peso a mais: apresentar no mesmo palco que Denise Stoklos, cujo trabalho também fez parte da minha busca pela minha dramaturgia. Quando fiz o workshop, era baseado no método da Denise, e eu "descobri" isso: farei um solo! Por que solo?  Porque eu sou minha própria diretora e minha própria autora. Será que sou capaz disso? Foi um desafio pra mim! A Denise surgiu como uma mentora nesse sentido. Fiz uma oficina com ela também e só me abriu para esse caminho: posso fazer qualquer outro tipo de trabalho, mas sabendo que eu sou dona da minha dramaturgia, que tenho meus desejos e posso arriscar também! Teatro de rua, palco, drama, comédia e nesta altura da vida arriscara. Antes tinha muito medo, queria sempre acertar. Agora eu quero errar e aprender com isso!



Ficha Técnica de Solo (mas não só)

Criação e atuação: Patrycia Andrade
Assessoria Artística: Vitor Samudio
Figurino: Luiz Gugliatto
Violinista: Caio Fortunato
Iluminação: Cadu Fluhr
Maquiagem: Helder Marucci
Fotografia e Projeto Visual: Helton Perez
Produção: Vitor Samudio
Realização: Mercado Cênico

Thiago Moraes
NAJON
 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Começou a Segunda Bienal de Teatro!

 
 
 
A bienal de teatro já começou, e tive a oportunidade de participar de oficina "Ator essencial", além de poder presenciar a pesquisa que o Trio de Tantas desenvolve e me deliciar com toda a essência de Denise Stoklos!


 O Trio de Tantas apresentou sua experiência no corredor lateral do camelódromo. Formado pelas professoras universitárias Juliana Gurgel, Cristiane Araújo e Gabriela Salvador. Duas mulheres usando vassouras com panos translúcidos tapando o rosto, limpam o chão por onde passa a professora ditando frases, indagações e questionamntos sobre a arte de ensinar.  Elas continuam a limpar e é chegado a hora da professora também ser limpa!


              
A performance apresentada pelo trio intriga ao tocar num assunto em voga recentemente: a educação; e ao colocar a persona do professor, ao mesmo tempo como algo central, é para ser limpa! De baldes, ao redor da professora, elas retiram a água que limpa, purifica e benze para que a pele receba as palavras escritas pelo público. Após ser manuseada, escrita e totalmente invadida a outrora educadora é abandonada a própria sorte!



À noite foi  a vez de presenciar toda a essência de Denise Stoklos. Com uma carreira de 40 anos e reconhecimento de crítica, acadêmico e de público, faltou cadeira dentro do Aracy! No palco não sabia-se quem era: atriz, personagem, narrador ou diretor? A certeza era de que existia um mundo completo, cheio dos mais diversos detalhes, uma cidade com todos os seus problemas e suas diversas personas dentro de apenas um corpo. Apenas ela e alguns apoios de partituras.
 
Bartleby, o escriturário é o texto de Hermam Menville tranformado em dramaturgia através da "fita de Morbius", mas se quiser saber mais da obra pode ver aqui. Dica: dê uma lida em todo o site e adentre dentro dessa figura por que vale muito a pena!
 
E hoje ainda tem mais com Patricia Andrade no espetáculo Solo(mas não só) e até dia 16 de setembro a Bienal traz dança, video e um mundo de possibilidades dentro do teatro! Eu vou e você? Prefereria não? Confira a programação.

 
Thiago Moraes
NAJON
 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Experimentar, Trocar, Aprender


RELATO E ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA COLETIVA
fotos por INAE MOREIRA

 
Nos dias 10 e 11 de setembro o grupo COLI$ÃO teve a satisfação de experimentar, trocar e aprender com a CIA. Obscena de arte, a dupla que você conheceu aqui na Najon. Com a proposta de exercitarmos o corpo na busca pela consciência do movimento e da musculatura utilizada na ação.


Ativar o ser performance, distinguir cenas do cotidiano e saber se portar em cada uma delas, como um ator mesmo. Eu acordo e já estou em cena, diz Enoque. E enfatiza, todos estamos atuando no dia a dia, saber usar o sistema ao nosso favor é um ato anarquista! É tirar o dinheiro que seria para um corrupto e trazer pra nós que vamos fazer um melhor proveito. Todos devemos estar sempre preparados para uma performance a qualquer momento! Isso é ser um "performance", termo que utiliza contrapondo o termo "performer". Acha-o inadequado pois o sujeito em si pode ser uma performance através da body-art, adornos e até mesmo comportamento.

Após nos situarmos dentro dos fundamentos filosóficos e conceituais abordados pela CIA, partimos para o contato com nosso corpo.

Através de exercícios bem elaborados e trabalhados, até exaustão por vezes, para  ativarmos nossos músculos com alongamentos, posições de postura consciente e respiração. Práticas que levadas para o dia a dia, condiciona e modela o corpo deixando-o  preparado. Todos em conjunto, conscientes, entretanto individualizado, prestando atenção nos próprios movimentos, desenhando formas imaginárias com o corpo e com todo nosso cognitivo ativado neste momento: imaginação, concentração, intenção unem-se em ritmos e formas enquanto Enoque solta as ordens que estimulavam cada vez mais uma investigação íntima. Todo o trabalho corporal com certeza nos faz perder algumas calorias, agora com corpos quentes e ativados, hora de unir tudo a uma proposta.

A sugestão da proposta se deu após uma discussão sobre os resultados dos exercícios anteriores, Enoque sugeriu para cada um pensar em algo que mais lhe incomodasse, e sintetizar isso em um movimento curto. A "célula”, que é a síntese da cena, e com isso representar literalmente, ou não, seu incomodo. Cada um desenvolveu sua “piração” particular, com suas preocupações sociais.

No dia seguinte de dez possíveis personagens, quatro fizeram presentes:


 
 

“Androgenia!?": começa a ação um menino e termina um ser grotesco com intervenções de maquiagen, enfatizando por vezes os seios, para mostrar sua feminilidade que por escolha se torna discreta;

“Depravado sexual!?”:  começou com um movimento simples de carinho no próprio sexo, que no decorrer da ação se transformou em um cachorro depravado preso pelo pênis, carregado por uma garotinha meiga que come alface;

“Garotinha meiga que come alface!?”: inicia a ação já carregando o depravado, comendo alface e oferecendo ao cão;



“Intelectual!?”: com a intenção de semear ideias para a construção de personalidades mais sólidas;

A ação durou 60 minutos e saiu do centro cultural José Otácvio Guizzo, passou pelas ruas 26 de agosto, 14 de julho, Barão do Rio Branco, 13 de Maio, 7 de Setembro e se encerrou no centro cultural.
 

Com a proposta de Intervenção, fomos as ruas propor uma discussão acerca do sexualismo, seus preconceitos, pudores, direito de escolha sem retaliação social, acesso público as idéias através da cultura e da arte. Performance Artística com recursos mínimos, exaltando o corpo, seu movimento e sua estética, apelando à modelos universais de aculturação: identificação, projeção, idealização, deslocamentos, substituições e inibições de objetivos e recalques, para se aproximar do público e de alguma forma instigar seu imaginário.

Cícero Rodrigues
NAJON
 


 
 
 
 







 
*caso você apareça nas fotos ou conhece alguém, e não quer elas aqui comunique através do email: najonlux@gmail.com
 
 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

‘paris’ é diferente de Paris e, também tem grafite!





Talvez menos glamorosa, iluminada e mais conservadora, mas seja como for, também sou de lá. Aparecida do Taboado interior do MS (terra dos 60 dias apaixonados) ganhou por mim, irônica e carinhosamente, o apelido de ‘paris’; amigos e conhecidos que, de algum modo compartilham ou compartilharam da minha intimidade já me ouviram dizer; meus amigos de lá também a chamam assim e, ajudam a propagar esse apelidinho.
Claro que as diferenças (creio eu) entre paris e Paris são gigantescas (para não ser catastrófico demais e dizer infinitas); mas, agora tais diferenças são insignificantes. Situada na divisa com dois outros estados, cheia de rios e mato, caminha como qualquer cidade interiorana que se choca com tudo e, qualquer coisa minimamente fora do seu comum, atrai o olhar da cidade toda!  Às vezes me questiono sobre a realidade artística do meu estado, e, percebo como as artes se restringem à capital, Campo Grande. Alguém por favor, me responda o por quê?! O interior do estado também tem gente; gente carente de arte, pessoas que como qualquer outro ser humano, pensam! Mas algo aconteceu em paris... Ela foi invadida por grafiteiros!
Ano passado, três artistas (dois de São Paulo e uma de Campo Grande) trouxeram o que até então era incomum: o grafite. Vieram, a convite do secretário de cultura da cidade Moyses Chama e o artista radicado em paris Betuel Chiosine, para verem os trabalhos do artista e, deixaram uma singular marca para cidade.
Dois muros foram trabalhados em conjunto pelos três artistas: Gejo (SP), Izabel Kook (SP) e Marilena Grolli (MS), cada um com sua própria poética e estética formando uma composição muito interessante em ambos os muros. Um é a fachada da casa de Moyses, o outro fica em frente à prefeitura da cidade (será que os governantes se sensibilizaram e entenderam?).
Achei uma atitude de pura beleza dos artistas, saírem dos seus centros e compartilharem com a população local um ‘pouco muito’ de arte -ela precisa-. Em mim, gerou certo sentimento de gratificação por eles; as pessoas da cidade ficaram instigadas e  curiosas, gerando uma boa polêmica, principalmente, por causa da santa, já que paris leva também o nome de sua padroeira  Nossa Senhora Aparecida, enfim, muitos assuntos foram gerados em paris, por conta do grafite.

Tive a oportunidade de conversar com Marilena sobre essa experiência de estar em paris  (além do grafite, pintou uma tela da igreja matriz da cidade). Ela gostou muito do trabalho que realizaram, da cidade, das pessoas; e disse: “a galera ia passando, enquanto pintávamos o muro ficava de olho, parava, conversava”, resumindo ela falou: “curti muito”.
Aos artistas dos centros maiores, fica uma dica e um convite. Invadam os interiores é sempre muito gratificante e, paris já está pronta pra receber muito mais arte! 

Consegui algumas fotos e uma reportagem de jornal, confiram:












José Henrique Yura
NAJON