quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dia das bruxas, dia do saci, dias de animação!

Dia 28 de outubro é considerado o dia internacional da animação e hoje, dia 31, o dia das bruxas e também do saci. Para não passar em branco essas datas preparei um tutorial de confecção de um Fenaquitoscópio para diversão rápida e de pouco recursos.

Para quem não sabe um Fenaquitscópio é um brinquedo óptico inventado por Joseph Plateau em 1832 durante seus estudos sobre a persistência da imagem sobre a retina.

Material:

lápis
borracha
papel
papelão
compasso
tesoura
boa vontade


 
 Primeiro faça uma circunferência e divida ela em quantas partes forem necessárias. Dependendo do seu desenho animado, lembrando que a velocidade usada no cinema é de 24 quadros mas não é necessário tudo isso. No meu usei apenas nove quadros. Aqui como dividir sua circunferência. O tamanho do raio também depende: quanto maior o raio,  maior o espaço para os desenhos.



Em cada espaço desenhe um movimento. No meu caso, depois de dividir a circunferência, desenhei na parte de trás para não aparecer a divisão. Foram 9 movimentos de um saci pulando(ou andando, neh?!)



Recorte sua roda de desenhos e faça no papelão uma outra circunferência com um raio maior que a anterior. Marque nessa nova circuferência as divisões.
Recorte a nova circunferência e faça uma pequena abertura nas marcações feitas, como na figura abaixo. Cole sua roda de desenhos no centro.

 
Faça um pequeno furo no centro da roda já pronta. Como meu suporte era um lápis fiz uma pequena marcação e cortei com um estiliete em x, não muito grande, apenas para passar o lápis e ficar preso sem deixar espaço.

Para ver o desenho em movimento fique na frente de um espelho e olhe
pelas frestas do papelão como no video.
 
 
 

 
Essa é umadas maneiras de se fazer um brinquedo óptico. Além dele há vários tipos e formatos. Quero escrever mais sobre esses objetos e sobre a história da animação, por enquanto espero que gostem, divirtam-se, usem e abusem da criatividade.

Thiago Moraes
NAJON

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Diva da UFMS premiada duas vezes!

aviso: esse post não foi revisado




Priscilla Paula Pessoa uma das selecionadas para o Salão de Artes de Mato Grosso do Sul tem dois motivos para comemorar. Um deles é a premiação dentro do Salão de Artes do MS 2012. O outro, muito mais aguardado, é a chegada do primogênito Raul que nasceu um dia depois desta entrevista! Artista plástica e professora mestra do curso de Artes Visuais da UFMS, considerada no meio discente uma das divas da Universidade, falou sobre carreira artística, acadêmia, portfólios, exposições, arte-contemporânea, produção de obras-de-arte dentro do estado e trabalhar com arte. 
 

De onde veio a vocação para uma carreira artística e a decisão como profissão?


Ter feito curso de artes visuais foi fundamental para entender a Arte como profissão. Quando resolvi fazer o curso era para ser um complemento para minha formação. Fiz ao mesmo tempo faculdade de Direito e Artes Visuais, minha ideia era ter uma profissão na área de Direito ou advogar focando em algum concurso. Artes eu já era apaixonada porém não conseguia ver arte e profissão em conjunto. Tinha uma visão muito de artista vendendo seu trabalho numa feira da 15 de novembro. A figura do retratista. Uma coisa dificil de se ganhar dinheiro. Cursei as duas faculdades em paralelo fazendo as matérias que gostava mais: História da Arte e Desenho, tanto que no primeiro ano não fiz todas as matérias. No entanto percebi que o Direito não tinha nada a ver comigo. Seria uma pessoa absurdamente frustada e infeliz enquanto Artes, apesar de não ser uma carreira fácil, detinha muitas possibilidades. Não era tão filosófico quanto pensava. Terminei os dois optando por trabalhar com artes. Formei em bacharel querendo ser Artista: trabalhar só para produção mas por muitos anos desenvolvi coisas paralelas. No meu caso ficava quase como Mr. Jack e Mr. Hide: um tem que sustentar o outro.

Me formei em 99 com minha primeira exposição neste mesmo ano, um pouco antes da formatura. O que foi bem legal por que foi uma tomada de consciência do que era uma exposição, do que é colocar o seu trabalho a mostra, seus erros e acertos. E a partir daquele ano me prôpus a fazer uma produção de arte por ano, ou pelo menos de dois em dois anos, na maioria das vezes de tendência mais contemporânea. Sem compromisso comercial. Essa é a carreira que considero como artista contemporânea. São obras que exponho, mando para salões, concursos e programas.

Em paralelo fiz várias coisas: trabalhos em parceria com um arquiteto-decorador, encomendas, ilustração, etc. Trabalhos que fui eliminando a medida que eu consegui conciliar a carreira de professora com a de artista. Hoje sou uma professora e artista.



Se descobrir como artista e conseguir sobreviver de arte/mercado?


Acho que tudo é produção artística. Cada vez mais deixo de ver barreiras que já vi entre as duas coisas. A única separação que fazia era que tinha uma produção comercial por demanda e outra livre voltada para o circuito de artes indenpendente de ser vendida ou não. Às vezes era, às vezes não. As encomendas eram livros que ilustrava, trabalhava em parceria alguns arquitetos. Já participei de CASACOR, fiz pintura de parede em muita casa. Muita coisa por que a profissão de artista tem essa peculiaridade: não é um emprego. Pelo menos, no começo, é dificil algum artista que não tem que ter algum subsidio paralelo. Logo que sai da faculdade tive ajuda da minha mãe com um espaço. Ela me ajudou por que o espaço era dela; pagava só o condomínio me livrando do aluguel. Dava aulas para crianças e tinha até um computador, não muito comum na época, que usava pra ilustração além da minha produção. Por quê é utópico achar que alguém irá te descobrir, que você se inscreve nos concursos e todos os lugares vão te aceitar, até por que o trabalho não deve nem estar perto de algo maduro. Não tem vivência, coerência, comparação, experiência e tudo isso faz com que você olhe um trabalho meu, ou de qualquer artista, com uns dez anos de carreira hoje, e olhe o trabalho de uns 10 anos atrás, percebe o refinamento dele. Já tive algo que não é exatamente uma vergonha mas trabalhando em separado: “isso eu faço mas o que quero mostrar é isso”. Hoje vejo que foi uma forma de concluir, me manter com arte, não necessariamente com o que queria mas coisas que me davam muito prazer. É muito gostoso entrar num atelie e trabalhar com crianças. Desenvolver uma ilustração para um livro. Agradeço muito ao curso, não por ter aprendido todas as técnicas, por exemplo a fazer uma ilustração mas conhecimentos básicos sobre composição, cores, a própria História da Arte. Se souber usar depois que sair, saber onde encaixar, encontra muito mais por que apesar de sair daqui sem uma profissão sai com uma formação. Era o que eu procurava.

Agora como artista contemporanea aqui em MS, já expus minhas obras em vário lugares. E não é fácil: sair com portfólio na mão e enfim a gente acostuma. Aqui tem um nicho pequeno, são poucos lugares para expor, de espaço que pode ser conquistado então agora, de uns cinco anos pra cá, considero que tenho amadurecimento para ir para fora. Não por que aqui não seja bom mas para conquistar um espaço maior. Entrar em lugares desconhecidos.



Uma artista contemporânea que utiliza a pintura...



Eu tenho só um trabalho que não é bidimensional: uma instalação que fiz no MARCO que também que utiliza a parede mas não é pintura e todo o resto do meu trablho é desenho ou é pintura. Vejo como extremamente pós-moderno trabalhar com desenho ou pintura. Hoje. É uma possibilidade. Essa total novidade dos meios, bem tipica da década de 60, faz parte de um encantamento, de uma empolgação, como se todo o resto fosse ultrapassado, que é bem datada. Já surgiu tantos meios. Tantas formas de arte. Desde uma xerox à projeção em 4D. Percebo que, mesmo dentro desses meios, os fundamentos: o que será feito, a questão da poética, o conceito, se tem potencial para ser belo, para ser grotesco, tudo isso faz parte da coisa. Tem de ser pensado. Fazer uma pintura, um trabalho hiper tecnológico ou com o corpo. Não vejo muitos limites. A pintura e o desenho são as técnicas que me saio melhor. Gosto muito do fazer. A produção que inclui o artesanal. Me vejo tão contemporânea quanto um Tubarão Dulixo.



Portfólio de baixo do braço. O que é um portfólio? Por onde começar?



O portfólio é a apresentação inicial do artista que, sem ele, não vai pra nenhum outro lugar. Qualquer lugar que você vai como artista a primeira coisa que você deve levar é o portfólio para quem quiser ver seu trabalho ou conhecer seu atelie e reconhecer seu trabalho fisicamente. Ele é essencial para tudo. E não existe um só portfólio. O ideal é pensar em um para cada situação.O básico é com as principais séries e obras pra quando perguntarem o que você faz. Hoje a maioria dos artistas tem um portfólio virtual que fica muito mais simples você andar com um cartão por que todo mundo tem acesso a internet. Praticamente todo mundo mesmo. Muito melhor que andar por ai com pasta debaixo do braço e ninguém mais faz isso. É fundamental para um artista ter um portfólio que ele possa apresentar virtualmente. Quanto mais simples melhor. Mais selecionado, não põe tudo o que tem. Coloque o que realmente representa seu trabalho neste portfólio básico. Fora isso, tudo que desejar ingressar precisa de um portfólio que geralmente é mais especifico. Edital para salão já traz todas as informações sobre categoria, página, tamanho então é bem didático de fazer. Tem portfólio que faz para expor em algum lugar. Um trabalho novo que queira mostrar. Para cada caso é um. O fundameltal é que esse portfólio traduza o melhor possivel seu trabalho. O que for preciso: uma ótima fotografia, video, o que for com a melhor qualidade possível. É um investimento que você faz: se não sabe fotografar pede a alguém que saiba, pode ser um amigo, levar para imprimir em um bom lugar, tratar as fotos. Isso é fundamental. Também em relação ao portfólio quanto menos elementos conter considero um portfólio mais eficiente. Ele não é uma obra de arte. É uma apresentação de obras de arte então quanto “mais branco e arial melhor”. Letra tamanho 12. Tudo para o seu trabalho aparecer.



Formada em 99 e agora professora do curso. Como você analisa a produção do curso e as diferenças entre licenciatura e bacharel?



Primeiro que entre a licenciatura e bacharelado existe uma diferenciação bem clara: quem faz licenciatura entra num curso que forma professores em artes. Se talvez ele desenvolva, o que acontece muito, e queira assumir outra coisa dentro da arte como artista mesmo ou produtor cultural, artesanal é algo que acontece depois. A intenção de quem entra no curso é para ser professor. Creio que a grande maioria acaba sendo professor, uma escolha que acho bem bacana e, dentro do contexto atual, bem inteligente por que se gostar disso e tiver uma passagem legal por aqui muito dificilmente ficará desempregado nos próximos dez anos.Ter todas as condições para exercer a profissão. Agora o bacharel não. Ele entra no curso de artes para ter uma formação em artes, para possibilitar que ele siga uma carreira artistica ou continuar estudo academico em instituições, ir para o design, o curso tambpem dá uma formação básica para isso. São cursos bem distintos. Pode até entrar um na carreira do outro mas são separados. Há até uma “briga”, nossa, interna para que o curso tenha duas coordenações por que nós temos dois cursos funcionando e cada vez mais a tendencia é saparar mesmo.

E a produção dos alunos o que acontece muito é que quando sai daqui até quem tem uma pretensão de seguir uma carreira artistica acaba desistindo disso no primeiro ou no segundo ano de formado. Voltando aquele historia: qualquer carreira de profissional liberal, que é o caso de um artista, o começo é sem base, sem pé mesmo. Para continuar na carreira tem que ter uma forma manter-se e, de preferencia, continuar trabalhando com a arte. E preserverar. A não ser que você tenha muita sorte ou seja muito bom, é um processo longo. Acontece isso: muita gente sai daqui e tem um trabalho de conclusão interessante, consegue fazer uma exposição ou outra e nunca mais trabalha com aquilo. Trabalha com algo ligado a arte mas como artista acaba desistindo e temos uma quantidade de artistas, colocando-se como tal por mais de 5 anos que é um tempo para falar de uma carreira, pequena. Como qualquer outra carreira. Odonto, exemplo, de 40 formandos todos vão ser dentistas. Agora um dentista com destaque que continuou estudando, tem uma técnica diferente, é alguém importante dentro da odontologia vai ser um que sai por turma. É complicado exigir que cada turma do bacharelado forme 30 artistas. Não acontecerá. Ao mesmo tempo que gostaria que fossem mais, também há muitos que no decorrer do curso descobrem que area deles é outra. E o curso tenta melhorar esta orientação profissional através de uma disciplina, acontece muito esta desilusão. Sair daqui com o TCC, com aquele monte de tela, não tem nem onde guardar isso, começa a dar para os amigos, etc. Falta um pouco dessa visão mais realista da carreira de artista que não é só no MS. Se for para São Paulo pode até ter mais campo e consequentemente mais concorrência. Não será simples em lugar nenhum, nem nunca foi e nem será agora. Também há falta de um pouquinho de confiança e crença pessoal. Perseverar se for isso que quer. A gente tem em 30 anos de curso uns 15 artistas que sairam daqui. Dá para melhorar esse número. Ainda é baixo.



No Festival de Arte e Tecnológia houve uma discussão sobre a produção contemporânea aqui no estado. Existe uma produção contemporânea em Mato Grosso do Sul?



Depende. De um forma geral engloba muita gente desde artesanato que é vendido na casa do artesão até os trabalhos que se colocam como arte contemporanea. O que é complicado naquela discussão não foi a opinião do acadêmico do IESF sobre os trabalhos. Via-se claramente que eram trabalhos que apoiavam ele. O que me preocupa é um professor simplesmente colocar que depois da década de 60 nada foi feito. Concordo com ele no ponto em que a gente tem uma dificuldade muito grande de continuidade na carreira fazendo que o próprio artista tenha um desenvolvimento muito curto o que não o sustenta para ser colocado dentro de um circuito de arte. Isso é verdade mesmo. Agora dizer que não existe é muito temerário. Já sentei com vários amigos que não são do meio das artes, entre eles um casal de amigos que vieram de São Paulo, e o cara tinha conhecido em dois dias mais museus do que os outros que vivem aqui a vida inteira. E não é por que eles não tem acesso, não tem como irem para lá. Isso não é desculpa para eles e nem para ninguém por que todos os espaços são gratuitos. É uma questão cultural. Agora se um professor de artes chegar numa sala de aula e falar que não tem nada para ver, e o pai não leva por que também escutou que aqui não faz nada. É claro que o aluno não verá. E não acho que meus amigos não foram por que eles desprezam arte é por que acham que não tem nada para ver. Não se pode ser um professor de artes e falar uma coisa dessas. Uma coisa é incentivar os alunos a terem um olhar crítico sobre uma produção de MS comparando com produções de fora, outra é ignorar o esforço e o trabalho de pessoas que podem não fazer o que eles querem. Então existe uma produção, só que não é continua. Acho que esse é o maior problema. Tenho percebido que não é só uma coisa que aocntece aqui mas, não sei como está lá fora, nacionalmente pessoas que aparecem, fazem exposição, leio sobre em revistas e depois nunca mais ouço falar do artista. Sinto muito essa falta de continuidade. E ainda até uma falta de dialogo com o público. A escolha de caminhos mais fáceis, mais palatáveis, mais digeriveis e não uma coisa da arte contemporânea que flerta muito com o conceitual, poéticas que convidam mais a pensar então realmente tem pouca produção assim. Dizer que não tem ninguém, que ninguém faz nada é uma ofensa.


Exposições atuais e seleções.


Uma coletiva no Otacvio Guizzo com 4 obras de uma série em que trabalho fábulas utilizando o desenho, na mostra Dialetos que rodou o Centro-Oeste e dia 30 começa o Salão de Artes de MS 2012.



Em que foi premiada...

 

Fui. Isto é muito legal de falar por que ao mesmo tempo que o prêmio é um incentivo, quando tentamos essa parte de salões. É um lugar bem bacana para expor por que a partir do momento que seu trabalho foi pro salão siginifica que já passou por um processo de seleção e que está mais maduro. Eu aprendi com o tempo que não pode pensar no prêmio para não se decepcionar. São poucos prêmios para muitos artistas. É para ser comemorado mas nunca procure entrar no salão por causa do prêmio. Não dá certo. É muita gente. Muito aluno daqui diz que não se inscreverá em outro salão por que não o aprovaram. E dai? Veja como está seu trabalho, que salão que era esse, se tinha haver com ele, se não há outro lugares para colocar, etc. O salão tem isso se você entrar te faz muito feliz. Ter muito forte na cabeça: que são três pessoas que analisaram 700 portfólios, são pensamentos diferentes e levar pro lado pessoal nunca mais se increve.



E como se sente entrando num salão com pessoas mais novas, mais velhas e principalmente com ex-alunos como Zé Yura?



Me sinto super orgulhosa. Especialmente do Zé por que trabalhei com ele bem de perto para o TCC e ele é um exemplo disso que falei. A não ser que ele mude muito de ideia, é um cara que não vai desistir tão cedo. Tem uma vontade muito grande, de produzir, de ser um artista, produzir em arte, são várias ideias. Tem muita coisa para aprender mas já está num nivel muito diferente de muitos que saem daqui. Em termos de poética consolidada. Já havia entrado no salão antes.O Zé já vejo como meu colega assim como o Evandro Prado que também foi meu aluno. Vejo sem nenhuma hierarquia nenhum dos dois. Quanto aos artistas mais velhos, mais novos. Não sei. Neste ponto nem gosto muiuto de fazer essa ocmparação. Conheço artistas, todo mundo conhece, Paul Cezanne que aos 70 anos teve sua maior produção. Todo mundo concorda, no meio artistico. As obras mais importantes são depois dos 50 anos. E há outros artistas que estouraram enquanto eram jovens e aquilo foi o auge do trabalho deles, depois foram se repetindo. O Picasso, se colocar o trabalho dele da fase cubista que foi aos trinta e poucos anos. Colocar em termos de produção artistica a idade é de acordo com a pessoa, o que faz naquele momento. Às vezes a idade ajuda por que depura o trabalho ou prejudica por que perdeu o folego. Isso é característico a cada personalidade. Espero que meu trabalho melhore e não perca o folego.


O Salão de Artes de Mato Grosso do Sul tem abertura hoje, dia 30 de outubro, às 19:30
Brincadeiras a parte, agradecemos toda a paciência, apoio e abertura que desde dos primeiros dias do blog a Priscilla nos deu. Muito Obrigado e parabéns plos prêmios! ;)


Thiago Moraes
 
NAJON

sábado, 27 de outubro de 2012

Inocência das Borboletas

No palco casulos feitos de açúcar, duas mulheres e um narrador para contar a história escrita no século XIX por Visconde de Taunay. Inocência é uma adaptação feita pelo coletivo Corpomancia que, depois de passar por escolas da capital, apresentou-se na segunda Bienal de Teatro de Campo Grande. Quem esteve lá presenciou uma experiência estética delicada, agradável e leve. Ao fim da apresentação tive a oportunidade de conversar um pouco com o grupo sobre o processo de criação da obra, como se chegou àquelas formas de dança e movimentos, situações criadas entre personagens e atores (mãe e filho), a narração quase didática e a presença de uma borboleta deliciosamente colocada em todas as nuanças e transformações do palco, do ambiente e dos corpos.
 


De onde surgiu a ideia?
"A história começou porque a Paula, diretora e criadora, tem uma relação próxima com o livro porque o pai dela foi promotor da comarca de Inocência e colecionava edições históricas. Em 2006, Paula era bailarina do Ginga, e a companhia foi convidada a participar do lançamento de uma edição histórica comentada pelo professor Hildebrando Campestrini. A ideia não vingou, mas ela guardou-a. No ano passado, conversamos sobre o projeto e decidimos retomá-lo. Iniciamos uma pesquisa em vídeo-dança, e ela queria ligar a proposta à questão da luta da mulher, para isso utilizamos até o kung-fu. Neste ano, escrevemos um projeto e através da FUNARTE conseguimos o financiamento para iniciá-lo, só que então a Paula engravidou, houve mudanças e entraram outros atores. Para simbolizar a relação entre pai e filha que há no livro, invertemos a situação e mostramos a relação mãe e filho, comigo e o Guilherme. Também chamamos a Camila e desde fevereiro trabalhamos neste projeto."
Renata Leoni

 
"O Taunay tinha essa visão de vivenciar o ambiente, e o livro é muito descritivo. Eu também não li o livro e sei muito sobre ele por causa de todo esse processo. E nessa personagem "científica", o biólogo, o que fica de mais importante é a experimentação com o corpo. Perguntamos: se Taunay estivesse vivo, sobre o que ele escreveria? A obra é de 1872, e nós a atualizamos, trazendo para nossa época temas que achamos que ele trataria."
Franciele Cavalheri

"Quando ele passou por aqui, tinha essa questão das meninas serem prometidas desde cedo. E sempre nos perguntando por que essa obra nos importa hoje?"
Camila Emboava

Sobre a dança, o teatro, o hibidrismo...
"Eu venho de uma experiência com o Maria Madalena, e as pessoas vinham perguntar o que era. Esse era o primeiro questionamento: isso é dança? E chamaram de teatro contemporâneo, teatro da dança, dança-teatro. Meu argumento é o seguinte: nossa formação é de dança, tenho alguma formação em teatro, talvez uns dez por cento. E a gente aproveita isso. Por exemplo, o Guilherme fala na peça  como ele fala normalmente, no dia-a-dia. Não temos treinamento para ator, e é muito bom quando somos reconhecidos como teatro."
Francielle Cavalheri
 
O kung fu na dança
 
"A Paula já havia experienciado com o corpo o treinamento com o professor Dirceu. Como o kung fu tem katis (movimentos essenciais da luta) baseados em animais, queríamos criar um kati por causa da borboleta que é descoberta no livro: papilus inocentis. Pelo lado da Inocência, vimos a luta da mulher, então treinamos e construímos, junto com o Dirceu, um kati da borboleta."
Renata Leoni
 
Quem quiser descobrir mais sobre o Corpomancia, sobre Inocência e todo o processo de construção, acesse o site  do coletivo http://corpomancia.blogspot.com.br/.
 
Thiago Moraes
Najon


terça-feira, 23 de outubro de 2012

OFIT - A Serpente

Com o espetáculo "A Serpente", baseado no texto homônimo de Nelson Rodrigues e direção de Nill Amaral, a cia. OFIT (Oficina de Interpretação Teatral) ganhou o Prêmio Myriam Muniz e com apoio do FIC-MS, há quase dois anos, está em cartaz circulando dentro e fora do estado.
 
Este ano o autor completaria 100 anos. Considerado um dois maiores dramaturgos brasileiros, escreveu para teatro, tv e algumas obras foram adaptadas para o cinema. A OFIT teve a oportunidade de participar da comemoração do centenário passando por alguns estados e cedeu alguns minutos nos bastidores para contar como foi trabalhar para construir "A Serpente".
 
 
 
 


 
 
Thiago Moraes
NAJON


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Mareco e suas bagagens!

Esta semana o graffiti adentrou os muros da galeria do Sesc Horto, ao som do DJ Magão, muita dança e com o artista plástico Rafael Mareco em sua primeira exposição individual. Confere só as fotos e o pequeno "lero" que tivemos!



"É uma grande alegria realizar esta exposição aqui no Sesc, a convite da Fran, uma experiência única. Minha primeira exposição individual. Tá bem legal, acho que a galera tá curtindo, fui bem recebido e pintar a galeria foi um lance bem maneiro.
A série surgiu quando comecei a discutir o que as pessoas carregavam na rua, e indagava o que cada um carrega dentro de si e daí surgiu o que está ai!
A idéia da Fran era trazer a cultura hip-hop para dentro da galeria: trago o graffiti , e ai tem o MC Magão e a galera do Barack street dance. O graffiti por mais que ele esteja dentro da galeria, ainda será uma ferramenta para discutir os aspectos da desigualdade social. Gosto do graffiti estar em qualquer lugar; posso estar tanto dentro da galeria ou na rua, é importante para a arte sul-matogrossense."
Rafael Mareco

 
 
"Um dos objetivos desta exposição é quebrar este estereotipo do graffiti como pixação e o Rafael tem potencial porque além do graffiti também trabalha com arte digital e aquarela. Linguagens que, apesar de diferentes, apresentam uma ligação e como a gente acompanha o trabalho do Mareco, apesar da sua pouca idade, queriamos proporcionar isto a novos artistas. Ainda estamos condicionados a galeria de formato tudo certinho, em molduras nas paredes e aqui queremos sempre inovar. O Mareco foi um grande passo, foi muito difícil autorização para graffitar mas o resultado foi ótimo e nem o bebedouro conseguiu fugir! Espero que as pessoas gostem e entendam isso como obra de arte e não só como uma pintura na parede. Uma manifestação."
 
Franciele Gadotti - curadora
 
 
 

 
 



A galeria fica aberta de segunda a sexta-feira de 18h às 20 horas e também há agendamento de visitas monitoradas. O Sesc Horto fica na rua Anhadui, nº 200.
 
Thiago Moraes
NAJON



quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Exposição Dez Anos Sem Medo de Ser Feliz

 
 
No dia 02 de outubro a Morada dos Baís recebeu uma exposição comemorativa do grupo Sem Medo de Ser Feliz, reunindo pinturas de vários temas, cores, formas e tamanhos dos artistas Ian Santos, Cleusa Porto, Gaga Gabrielli, Mari Rebouças, Marília Terra, Olga Martinez, Rafael Mareco, Salete Bassegio, Giane Bifon e Lúcia Monte Serrat. Com 10 anos de existência o grupo comemorou mostrando a consolidação do trabalho, o compromisso dos artistas e a evolução de suas pinturas. 

 
"O grupo surgiu em uma aula de artes na Arquitécnica*, na verdade queríamos aprender a pintar e começamos a perceber que as pessoas tinham muita dificuldade. O que a gente precisava era do processo criativo, então comecei a trabalhar isso dentro do grupo, que aumentou o número de participantes,  solidificou-se e, embora seja mutante, tem algumas pessoas  desde o começo. Param um pouco, retornam, estão sempre indo e vindo. É um grupo muito gostoso, discutimos arte, exercitamos, mas sem um compromisso técnico e sim um compromisso expressivo. Todo mundo dá palpite no trabalho do outro. Tivemos um trabalho onde o objetivo era o rodízio: tínhamos que pintar um sobre o trabalho do outro.  Um trabalho super difícil por que entrar no outro é uma experiência muito excitante, interessante porém muito difícil.
Quando montamos exposições nos fortalecemos, isso solidifica as relações, crescemos enquanto pessoas, indivíduos e mais do que isso crescemos culturalmente e artisticamente. Sinto-me uma privilegiada de estar num grupo desses, criamos laços. É muito gostoso."

 Lucia Monte Serrat
artista e arte-educadora








A Morada dos Baís fica na Afonso Pena, esquina com Av. Noroeste; a exposição fica lá até o dia 03 de novembro, de terça a sábado das 8h às 18h e domingo das 9h às 12h.  Realização Fundação de Culura Municipal de Campo Grande, Morada dos Baís, Arquitécnica e Prefeitura Municipal. Entrada gratuita.
 
Thiago Moraes
NAJON
 




*o site da Arquitécnica está em construção.