sábado, 7 de abril de 2012

Dialetos e As cores do Lugar! Mostras em exposição no MARCO.

Dia 20 de março abriu as mostras DIALETOS e AS CORES DO LUGAR no Museu de Arte Comtemporanea de Campo Grande. DIALETOS é uma iniciativa do artista plástico Paulo Henrique Silva e apresenta obras de várias artistas de MS, GO e DF e seus dialogos comtemporaneos. Já AS CORES.. apresenta a obra da artista aquidauanense Anelise Godoy que numa exploração do arenito de aquidauana mostra a variedade de cores e formas, em suas assemblagens e esculturas. Fomos na vernissage e pedimos uma palavra dos artistas que você confere abaixo!

Fotos por Daniel Reino



"A exposição surgiu da percepção de quando eu estive aqui, participando da comissão de premiação do salão de 2011, percebi algumas coisas em comum com o estado de Goiás, com Brasilia e que precisava fortalecer-se, criar esse intercâmbio, fazer com que essa vitrine circulasse no centro oeste. Então eu primei por princípios básicos, procurei as instituições locais pra me passar os mailings desses artistas que tivessem produção de 10 anos pra cá, e que tivesse uma tendência totalmente contemporânea, a partir disso comecei um processo de seleção de portfólios que contemplasse DF, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Infelizmente não consegui ter as pessoas de Mato Grosso devido a uma tendência diferenciada na produção deles. E de tudo isso resultou essa exposição de relações dialógicas que é esse dialeto imagético que vocês têm aqui."

Paulo Henrique Silva - curador



"Participar da exposição é uma honra. Com artistas tão bons e vários artistas que estudaram comigo é muito bom! A foto foi uma produção que fiz para o trabalho de conclusão de curso de artes visuais e na produção houve alguns problemas por que demanda dinheiro e tempo, mas contei com a ajuda de vários amigos e de alguns artistas que disponibilizaram material sobre moda da época, e então juntei meus estudos de iluminação e desenvolvi esse trabalho que é baseado na cinematografia noir. Minha intenção de fazer o trabalho com esse tipo de iluminação foi por causa da beleza dos filmes noir, o uso da iluminação para ajudar a contar a história e reforçar a narrativa. Como na época a luz também era feita com pouco recurso e com muito arrojo, do ponto de vista estético é bem interessante trabalhar a temática e esse tipo de iluminação. E os flash compactos oferecem uma luz que as pessoas consideram duras, bem concentrada e forte, que é bem parecido com o tipo de luz que usavam nos filmes! "

Daniel Reino.

"Tá sendo uma exposição muito boa, com trabalhos de peso dos estados de Goias, MS e de Goiana. E o Paulo Henrique fez um grande trabalho estou contente de estar aqui hoje, vendo o resultado de que o centro oeste tem
uma nova leva de artistas com trabalhos significativos. Esses desenhos partem de leituras que faço, e de certas marcações que faço durante a leitura. Ênfases, sobreposições, que acontecem nesse período depois eu passo pro papel vegetal e então num trabalho de composição, coloco um pouco de desenho aqui, outro ali, faz um intervalo. A arte na contemporaneidade ela tende a seguir um viés contrário e no mundo que a gente vive hoje tudo tem que ter um pra que, um objetivo, mas no meu trabalho o que fica importante pra mim é esse processo de pesquisa, e as vezes eu não sei onde vai parar e no final acaba tendo desdobramentos sobre o que é essa pesquisa."


Helô Sanvoy

"Eu parto de um suporte floral, não é uma tela branca, é um chitão floral que eu estico numa tela, num chassi. Eu uso apenas a tinta branca, e ao mesmo tempo, que pinto, eu apago o floral, mas deixo algumas linhas desse floral formando o meu desenho. Então não falo só desse desenho eu falo de um suporte, ao invés de usar uma tela em branco eu apago uma coisa e torno a tela branca então o que sobra é que acaba formando o desenho e também em alguns momentos eu uso a veladura e essa transparência que por mostrar o suporte. E em outros momentos o branco é mais compacto. E é muito interessante pra mim, participar da exposição, especialmente pelos artistas de Goiana estarem no meu ateliê desde domingo. Ficamos, praticamente em tempo integral, conversando, trocando experiências, e esse dialogo pode fazer a diferença podemos juntar forças!"

Ana Ruas



"A Dialetos pra mim foi uma surpresa! Quando a Ana Ruas convidou-me para mandar o portfolio para uma seleção eu pensei num projeto menor, mas depois que fui conhecendo o projeto do Paulo Henrique, o curador goiano que organizou a mostra, era uma coisa muito mais séria e mais ambiciosa! Ele fez uma seleção muito representativa de artistas que, não são só do agrado dele, são artistas que participam de salões, de programas como o rumos, ele buscou gente que tem um trabalho profissional como artista e que está inserido nesse meio, mas ao mesmo tempo, pela distancia do centro oeste, por essa não tradição que a gente tem acaba ficando perdido dentro deste contexto nacional. E naquela ideia de que a união faz a força ao invés de ser três estados com dificuldade para impor-se, um grupo de estados representando uma região, fazendo uma mostra, fazendo algo realmente representativo, se for olhar não tem nenhum elo fraco, todos os trabalhos são consistentes, interessantes, são todos profissionais de artes. Estou muito contente de participar da mostra e apesar de eu ser uma das poucas a não entrar nos últimos salões, participar aqui é uma honra. Meu trabalho que apresento na mostra, desenvolvo desde 2009 em pintura e trabalho com iconografia cristã sutilmente inserida em cenas contemporâneas, então eu faço uma pintura bem viva, bem alegre, propositalmente chamativa mas repleta de símbolos esquecidos. É um comentário sobre isso: o que é antigo, o que é novo? Será que uma leitura incompleta, que é o que muitas vezes caracteriza a arte contemporânea, não é uma prerrogativa só do novo, o velho também tem esse esquecimento? E você olha uma obra com uma leitura e existem várias outras possibilidades, e daí? Você pode continuar tendo sua leitura! O conjunto de obras ele é muito chamativo pictoricamente, mas ele traz uma terceira, uma quarta, uma quinta vista e pode não ter importância nenhuma nisso tudo!"

Priscilla Pessoa

"O convite para essa conexão com os estados foi muito importante, minha primeira exposição aqui no MARCO! E ao mesmo tempo, que trabalhava no meu TCC, eu tirava algumas fotografias e a partir delas, fazia alguns desenho que serviam mais como ilustração, um passatempo! Eu cortava os papeis e ia desenhando grafite sobre papel, e tinha alguns trabalhos em aquarela. A curadoria selecionou alguns para a mostra! Então começou como um passatempo que acabou sendo selecionado para a Dialetos!"

Thais Gambialti

"É a segunda vez que eu venho aqui em campo grande, eu vim fazer uma individual na sala preta do MARCO, sempre penso que apesar de ser de Brasília e são vários circuitos várias estradas que a gente percorre e quando o Paulo mandou o convite não fiz só questão de mandar as obras e de mandar trabalhos novos mas como eu falei “vamos pra lá, participar” e é muito legal por que é importante fortalecer laços, são pessoas da sua casa querendo ou não. Ver, conhecer quem tá do lado, aprender a ver os problemas e as vantagens que tem aqui no Mato Grosso do Sul, conhecer a produção dos amigos de Goiana. Esse lance da pesquisa ele é bem atual, acho que o artista ele tá mais afastado da certeza. Parece que quando você mostra uma obra, querendo ou não impõe quase uma certeza: eu fiz isso por causa disso! Tudo que você mostra é uma afirmação, é uma escolha. E hoje, principalmente a gente que é jovem, é isso, uma pesquisa mesmo. Direto as minhas séries, os títulos surgem mais pra frente. E essa série eu fiz agora em fevereiro, e ainda não tem titulo, não tem nome de série que ainda é lima pesquisa e provavelmente em goiana eu posso acrescentar mais desenhos ou tirar e isso reflete um pouco isso que a gente está mais tateando do querer impor coisas, dizer coisas. O que interessa mais, o pessoal hoje é mais a dúvida e essas coisas do que as afirmações, as certezas e jargões!"

Vírgilio Neto



AS CORES DO LUGAR

Esse meu trabalho na verdade é um resultado de uma pesquisa. Na região de Aquidauana nós temos uma rocha sedimentar que é o arenito, arenito da formação Aquidauana, que tem diversas tonalidades, nessa mostra eu procuro reunir isso. Têm vermelho, ocre, alguns alaranjados e dentro dessa possibilidade de matéria regional, nosso, eu trabalho com pintura natural, fazendo essas tintas a partir do arenito que nada mais é do que uma raspagem da rocha e utilizar o pigmento nas tintas. Também tinha um trabalho na área de escultura com a mesma rocha, então faço esse aproveitamento entre a pintura e a escultura utilizando a mesma matéria, dando umas leituras diferentes dentro de uma proposta regional que eu trabalho. Nessa mostra eu reuni um pouco desses trabalhos tanto bidimensionais quanto tridimensionais, algumas assemblagens que são esses bidimensionais com algum volume.
Nesses trabalhos de assemblagens, eu junto os fragmentos que sobram das esculturas. Eu fiz alguns artesanatos, algumas experiências, e nasceram esses trabalhos. Esculpo um pequeno fragmento, depois eu trabalho várias tonalidades e mostro essas várias possibilidades. Eu já tinha um trabalho anterior com assemblagem e faço parte de uma geração pós divisão do Estado então pertenço a uma geração de mais de trinta anos. Trabalho no interior e sou uma referencia dentro de Aquidauana, minha cidade natal.

Anelise Godoy

AS MOSTRAS VÃO DO DIA 20 DE MARÇO À 27 DE MAIO! O MARCO ESTÁ NA RUA ANTONIO MARIA COELHO, 6000 NO PARQUE DAS NAÇÕES ÍNDIGENAS. ABERTO AO PÚBLICO DE TERÇA A SEXTA DAS 12H AS 18H E DOMINGOS, SÁBADOS E FERIADOS DAS 14H AS 18H. ENTRADA FRANCA