quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Experimentar, Trocar, Aprender


RELATO E ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA COLETIVA
fotos por INAE MOREIRA

 
Nos dias 10 e 11 de setembro o grupo COLI$ÃO teve a satisfação de experimentar, trocar e aprender com a CIA. Obscena de arte, a dupla que você conheceu aqui na Najon. Com a proposta de exercitarmos o corpo na busca pela consciência do movimento e da musculatura utilizada na ação.


Ativar o ser performance, distinguir cenas do cotidiano e saber se portar em cada uma delas, como um ator mesmo. Eu acordo e já estou em cena, diz Enoque. E enfatiza, todos estamos atuando no dia a dia, saber usar o sistema ao nosso favor é um ato anarquista! É tirar o dinheiro que seria para um corrupto e trazer pra nós que vamos fazer um melhor proveito. Todos devemos estar sempre preparados para uma performance a qualquer momento! Isso é ser um "performance", termo que utiliza contrapondo o termo "performer". Acha-o inadequado pois o sujeito em si pode ser uma performance através da body-art, adornos e até mesmo comportamento.

Após nos situarmos dentro dos fundamentos filosóficos e conceituais abordados pela CIA, partimos para o contato com nosso corpo.

Através de exercícios bem elaborados e trabalhados, até exaustão por vezes, para  ativarmos nossos músculos com alongamentos, posições de postura consciente e respiração. Práticas que levadas para o dia a dia, condiciona e modela o corpo deixando-o  preparado. Todos em conjunto, conscientes, entretanto individualizado, prestando atenção nos próprios movimentos, desenhando formas imaginárias com o corpo e com todo nosso cognitivo ativado neste momento: imaginação, concentração, intenção unem-se em ritmos e formas enquanto Enoque solta as ordens que estimulavam cada vez mais uma investigação íntima. Todo o trabalho corporal com certeza nos faz perder algumas calorias, agora com corpos quentes e ativados, hora de unir tudo a uma proposta.

A sugestão da proposta se deu após uma discussão sobre os resultados dos exercícios anteriores, Enoque sugeriu para cada um pensar em algo que mais lhe incomodasse, e sintetizar isso em um movimento curto. A "célula”, que é a síntese da cena, e com isso representar literalmente, ou não, seu incomodo. Cada um desenvolveu sua “piração” particular, com suas preocupações sociais.

No dia seguinte de dez possíveis personagens, quatro fizeram presentes:


 
 

“Androgenia!?": começa a ação um menino e termina um ser grotesco com intervenções de maquiagen, enfatizando por vezes os seios, para mostrar sua feminilidade que por escolha se torna discreta;

“Depravado sexual!?”:  começou com um movimento simples de carinho no próprio sexo, que no decorrer da ação se transformou em um cachorro depravado preso pelo pênis, carregado por uma garotinha meiga que come alface;

“Garotinha meiga que come alface!?”: inicia a ação já carregando o depravado, comendo alface e oferecendo ao cão;



“Intelectual!?”: com a intenção de semear ideias para a construção de personalidades mais sólidas;

A ação durou 60 minutos e saiu do centro cultural José Otácvio Guizzo, passou pelas ruas 26 de agosto, 14 de julho, Barão do Rio Branco, 13 de Maio, 7 de Setembro e se encerrou no centro cultural.
 

Com a proposta de Intervenção, fomos as ruas propor uma discussão acerca do sexualismo, seus preconceitos, pudores, direito de escolha sem retaliação social, acesso público as idéias através da cultura e da arte. Performance Artística com recursos mínimos, exaltando o corpo, seu movimento e sua estética, apelando à modelos universais de aculturação: identificação, projeção, idealização, deslocamentos, substituições e inibições de objetivos e recalques, para se aproximar do público e de alguma forma instigar seu imaginário.

Cícero Rodrigues
NAJON
 


 
 
 
 







 
*caso você apareça nas fotos ou conhece alguém, e não quer elas aqui comunique através do email: najonlux@gmail.com
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário