terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Degradê mais “foda”, é do laranja para o azul


Quem pára e observa o céu de Campo Grande no fim de tarde, sabe do que estou falando: o degradê homogêneo que colore nosso céu é impressionante e inspirador. Mas para uma contemplação sincera e consciente, todos devem ter a sensibilidade apurada para que sua percepção sintonize o ambiente. Algo muito complexo para tempos onde, o dia-a-dia corrido, com horários e prazos dificultam a disponibilidade para o momento contemplativo. Pessoas comuns com todos seus problemas não param para observar o céu, como observarão a arte?
 
Diante de uma preocupação particular, de Arte para além das galerias, chego a este questionamento. E da realidade encontrada dentro dos ônibus, nas ruas, ao conversar além do círculo acadêmico, chego à conclusão de que as pessoas se distanciam do exercício de perceber. Para lembrar: perceber é adquirir conhecimento por meio dos sentidos! Notar, compreender, a percepção é efeito ou causa do perceber. Para os “artistas” isso é comum, pessoas fora deste meio estão com dificuldades, haja visto que o público que consome cultura é o público envolvido com a cultura. Espetáculos teatrais e galerias de arte são as categorias que mais sofrem com esta condição contemporânea, já que a música sempre foi mais acessível e um meio muito utilizado na produção da chamada “cultura de massa”, cultura essa que padroniza gosto e pessoas.


 
 
O desafio da cultura é permanecer viva diante de uma sociedade cada vez mais superficial e/ou globalizada. Não por falta de tentar, pois vários coletivos e instituições se empenham por uma aproximação maior da cultura com o povo, mas o povo mostra-se sem o mínimo de interesse, ao contrário, entregam-se à novelas e rádios, delegando a terceiros, mesmo que inconsciente, a definição de seu próprio juízo de gosto. Para uma sociedade culturalmente ativa, o público deve ter bagagem estética, e através do perceber esmiuçar a produção cultural, e com isso observar a sua volta: cores, formas e volumes.
 
Devemos mostrar a todos, que a passividade contribui para a estagnação, e que sim, todo mundo detém o poder criativo e que ativado de forma correta, seja através da educação formal ou familiar, todo indivíduo deve fazer a diferença. Perceber a si e seu lugar de encaixe, se enquadrando no que mais lhe agrada e auxiliando outros a encontrarem seu caminho. A cultura tem a capacidade de ajudar a abrir os olhos.
 
 








Cícero Rodrigues
NAJON



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