quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Praticar a empatia


L'Exécution de la Punition de Fouet by Jean-Baptiste Debret



O nascimento dos direitos humanos segundo o livro de Lynn Hunt, aparece como uma série de consequencias de fatos historicos, e um deles foi o desenvolvimento no que hoje tomou o nome  de empatia. Empatia  seria o ato de se colocar no lugar do outro, compadecendo de sua dor. A autora apresenta o surgimento da empatia a partir da proliferação dos romances em primeira pessoa, na forma de cartas, onde o leitor viveria aquilo que o protagonista viveu, e também por suas protagonistas mulheres. Naquele período do mundo ocidental europeu ainda não existia a palavra empatia, e esse sentimento era tomado por "paixoes". Esses romances eram capazes de despertar as paixões.

Esse ano a perseguição as minorias sociais, pessoas em situação de vulnerabilidade economicas e ou psicologicas, pessoas perseguidas com origem, cor, sexo e/ou sexualidade ou isso tudo em conjunto, aumentou grandemente no brasil, visto que a politica de governo eleita promove-a constantemente, por exemplo a exaltação e promoção, pelo atual ministro da educação, do ataque aos estudantes secundaritas em agosto. Tais ataques e perseguições são justificados como consequencias dos atos daqueles estudantes, o ato de resguardar o que lhes é direito por lei (garantia de acesso a educação publica), tidos como bardeneiros e vagabundos.  E como bardeneiros e vagabundo devem ser tratados, segundo o governo?

Como devem ser tratado todos aqueles que despertam o ódio das classes abastadas do país?  Anos atrás  uma jornalista ancora de uma concessão publica de tv batia palmas ao tratamento dado a um desses vagabundos, no caso um adolescente amarrado a um poste humilhado pela população. A pele do adolescente e a imagem remetia ao passado e ao presente escravocrata do país. Ao contrario de gerar empatia, o ódio, a violência e a vingança era justificada pela acusação de culpa, ele tinha roubado, merecia.

Novamente essa semana a mesma justificativa aparece quando  9 jovens foram assassinados em uma operação da policia militar do Rio de Janeiro, imagens de videos  mostram a policia encurralando pessoas e batendo em algumas enquanto riem. A pericia dos corpos mostram que não houve pisoteamento como alegado e um pedido de atendimento do Samu foi negado pela policia. E mesmo assim o que se vê é a justificativa da classe média "abastada" de que eles mereciam por que estavam em baile funk e, logo, usuário e traficantes de drogas.

Ao contrário dos romances europeus do seculo XVII as imagens nas midias não são de autoria de uma pessoa imaginativa mas são pegas da realidade do presente. Diferente da perspectiva de adentrar a história como a própria pessoa a viver aquilo, as imagens capitadas  que denunciam a barbarie  e a tortura sobre aqueles corpos soa apenas como resgate da vida reatrata na obra de Debret, uma releitura  de extrema indignação merecedora de todo repúdio, para uns tantos outros um deleite de sua perspectiva de justiça: a tortura e a morte.



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