sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Bienal de Teatro: entrevista Patrycia Andrade


 
Segundo dia de Bienal, a peça "Solo( mas não só)", monólogo com Patrycia Andrade, do grupo Mercado Cênico, apesar de intimisata, fez o público sorrir com as indagações e vertigens apresentadas no palco. Como o próprio nome diz, a atriz representa um solo mas acompanhada de um músico e seu violino, além é claro da presença do público no palco. Patrícia concedeu uma breve relato de como concebeu seu monólogo em que cria, atua e dirige!
 
 
Como surgiu "Solo (mas não só)"?
 
Este trabalho veio de uma necessidade artística minha. Trabalho com o Mercado Cênico, sempre com o Vitor Hugo dirigindo e depois com uma criação coletiva: todo os atores colaborando entre si. Mas eu queria um trabalho próprio, uma dramaturgia própria que falasse do meu universo, o universo feminino, das minhas inquietações, do que passava durante esse período. Em 2010 fiz um workshop em São Paulo e tive a oportunidade de ficar em uma colina, longe de tudo. Foi num encontro entre 12 pessoas que a gente se descobriu artisticamente e até espiritualmente! A partir daí eu pensei em fazer meu próprio espetáculo, minha própria dramaturgia. São 15 anos de carreira, de teatro, e senti que esse seria o momento para ter um solo, que seria a minha linguagem. Quero que as pessoas se identifiquem e saibam, também, que eu sou personagem através do meu pensamento e da minha estética. Então veio essa poética! Conheci dois grandes poetas, a Patrícia Sampaio e o Edson Marques, que tratam da liberdade humana, de sair do lugar comume e das amarras que a sociedade impõe para ser livre como pessoa, sem ter medo de ser feliz. Daí nasceu uma dramturgis a que chamo de dramaturgia do desejo, porque esse é o meu desejo como artista: encontrar pessoas que são testemunhas dessa vertigem, dessa personagem. Acabam por entrar no inconsciente dela, que é aquela sala fechada! Este trabalho é recente, estreou em junho na Casa de Cultura Colaborativa e só está começando! Terá vida longa!
 
Ontem Denise Stoklos esteve na Bienal, também com um monólogo. Como foi para você?
Foi um peso e um peso a mais: apresentar no mesmo palco que Denise Stoklos, cujo trabalho também fez parte da minha busca pela minha dramaturgia. Quando fiz o workshop, era baseado no método da Denise, e eu "descobri" isso: farei um solo! Por que solo?  Porque eu sou minha própria diretora e minha própria autora. Será que sou capaz disso? Foi um desafio pra mim! A Denise surgiu como uma mentora nesse sentido. Fiz uma oficina com ela também e só me abriu para esse caminho: posso fazer qualquer outro tipo de trabalho, mas sabendo que eu sou dona da minha dramaturgia, que tenho meus desejos e posso arriscar também! Teatro de rua, palco, drama, comédia e nesta altura da vida arriscara. Antes tinha muito medo, queria sempre acertar. Agora eu quero errar e aprender com isso!



Ficha Técnica de Solo (mas não só)

Criação e atuação: Patrycia Andrade
Assessoria Artística: Vitor Samudio
Figurino: Luiz Gugliatto
Violinista: Caio Fortunato
Iluminação: Cadu Fluhr
Maquiagem: Helder Marucci
Fotografia e Projeto Visual: Helton Perez
Produção: Vitor Samudio
Realização: Mercado Cênico

Thiago Moraes
NAJON
 

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