Segundo dia de Bienal, a peça "Solo( mas não só)", monólogo com Patrycia Andrade, do grupo Mercado Cênico, apesar de intimisata, fez o público sorrir com as indagações e vertigens apresentadas no palco. Como o próprio nome diz, a atriz representa um solo mas acompanhada de um músico e seu violino, além é claro da presença do público no palco. Patrícia concedeu uma breve relato de como concebeu seu monólogo em que cria, atua e dirige!
Como surgiu "Solo (mas não só)"?
Este trabalho veio de uma necessidade artística minha.
Trabalho com o Mercado Cênico, sempre com o Vitor Hugo dirigindo e depois com uma
criação coletiva: todo os atores colaborando entre si. Mas eu queria um trabalho
próprio, uma dramaturgia própria que falasse do meu universo, o universo feminino, das minhas inquietações, do que passava durante
esse período. Em 2010 fiz um workshop em São Paulo e tive a oportunidade de
ficar em uma colina, longe de tudo. Foi num encontro entre 12 pessoas que a
gente se descobriu artisticamente e até espiritualmente! A partir daí eu pensei em fazer meu próprio
espetáculo, minha própria dramaturgia. São 15 anos de carreira, de teatro, e
senti que esse seria o momento para ter um solo, que seria a minha linguagem.
Quero que as pessoas se identifiquem e saibam, também, que eu sou personagem
através do meu pensamento e da minha estética. Então veio essa poética! Conheci
dois grandes poetas, a Patrícia Sampaio e o Edson Marques, que tratam da
liberdade humana, de sair do lugar comume e das amarras que a sociedade
impõe para ser livre como pessoa, sem ter medo de ser feliz. Daí nasceu uma
dramturgis a que chamo de dramaturgia do desejo, porque esse é o meu desejo
como artista: encontrar pessoas que são testemunhas dessa vertigem, dessa
personagem. Acabam por entrar no inconsciente dela, que é aquela sala fechada! Este trabalho é recente, estreou em junho na Casa de Cultura
Colaborativa e só está começando! Terá vida longa!
Foi um peso e um peso a mais: apresentar no mesmo palco que
Denise Stoklos, cujo trabalho também fez parte da minha busca pela minha dramaturgia. Quando
fiz o workshop, era baseado no método da Denise, e eu "descobri" isso: farei um
solo! Por que solo? Porque eu sou minha
própria diretora e minha própria autora. Será que sou capaz disso? Foi um
desafio pra mim! A Denise surgiu como uma mentora nesse sentido. Fiz uma oficina
com ela também e só me abriu para esse caminho: posso fazer qualquer outro tipo
de trabalho, mas sabendo que eu sou dona da minha dramaturgia, que tenho meus
desejos e posso arriscar também! Teatro de rua, palco,
drama, comédia e nesta altura da vida arriscara. Antes tinha muito medo,
queria sempre acertar. Agora eu quero errar e aprender com isso!
Ficha Técnica de Solo (mas não só)
Criação e atuação: Patrycia Andrade
Assessoria Artística: Vitor Samudio
Figurino: Luiz Gugliatto
Violinista: Caio Fortunato
Iluminação: Cadu Fluhr
Maquiagem: Helder Marucci
Fotografia e Projeto Visual: Helton Perez
Produção: Vitor Samudio
Realização: Mercado Cênico
Thiago Moraes
NAJON
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