Não quero puxar a brasa para a sardinha de ninguém, muito menos apontar o que é bom e o que é ruim. Tenho apenas o intuito de fazer uma visão geral da produção de teatro em Campo Grande, uma espécie de panorama, por isso alguns nomes de grupos do teatro da cidade aparecem com mais destaque. Uma análise crítica ficará para um artigo futuro!
O teatro está dentro de Campo Grande: seja no circuito comercial ou no marginal, a cidade gosta de ver o corpo em cena. Em julho aconteceu a 4º Pantalhaços, trazendo palhaços de vários cantos do Brasil e também da América Latina. O evento demonstrou que a cada edição vem se tornando mais sólido e agregando valor não só para a cidade mas à pesquisa e à produção da palhaçaria. Os grupos Circo do Mato e Flor e Espinho são os realizadores do festival e, além da palhaçaria, desenvolvem outros tipos de dramaturgia, apresentando-se em palcos nacionais e internacionais. O evento trouxe resultados da pesquisa acadêmica "Mostra Itinerante" e o registro fotográfico de edições anteriores, projetos de Larissa Pulcherio. Agora no dia 25 de setembro o Flor e Espinho estréia Godgle.
Logo depois foi a vez do teatro de rua tomar a cidade. Em agosto, o Imáginário Maracangalha levou teatro às praças da cidade abordando temas diversos e de várias formas. A "3ª Temporada do Chapéu" provocou, encantou e ocupou espaço no cenário cultural da cidade. Durante uma semana o público pôde apreciar espetáculos de grupos de todo o estado, entre eles M'Boitatá e Desnudos Del Nombre, além do próprio "Maraca" e Flor e Espinho.
E em setembro Campão foi agraciado com a 2ª Bienal de Teatro realizada pelo Mercado Cênico, que mostrou e demonstrou toda a capacidade e diversidade do teatro contemporâneo. Música, dança, vídeo e todo tipo de tecnologia usada em cena para criar um outro mundo possível. Passaram por Campo Grande: Denise Stocklos, Teatro para Alguém, Corpomancia, Ginga, Teatro que Roda, BR S.A e Trio de Tantas. Ao final ainda houve um belo show teatral de Lilian Maira.
Estes três festivais foram muito bem-recebidos pelo público campo-grandense e demostram que Campo Grande têm qualidade de produção, colocando a cidade no mapa do teatro brasileiro sem dever a nenhuma outra capital metropolitana. Destaco também que esses festivais só foram possíveis, com patrocínio ou sem, pelo trabalho que todos esses agentes culturais desenvolvem há anos, criando condições para circular no estado e fora dele!
Outros grupos independentes também apresentaram trabalhos que resultaram em reconhecimento estadual e nacional, como o "Cala a Boca e Grita", de Jair Damasceno, que foi apresentado em mais de uma cidade no estado, e "A serpente", da Cia OFIT. Esta última com esse trabalho de dois anos, já percorreu o território nacional participando do festival "Amazonia das Artes" e "100 anos de Nelson Rodrigues".
Campo Grande insere-se no mapa e na produção cultural e artística nacional e internacional, e não só na área teatral: temos músicos, cineastas, artistas plásticos e produtores que são referências estaduais, nacionais e internacionais. Este ano ainda teremos outros festivais como FUC e o FAT para demostrar todo o potencial de campo grande na área artística. Outro fruto do trabalho desses agentes é a participaçao na formulação da Carta de 1% da Cultura, criando um compromisso dos gestores da cidade para com as artes!
Há muita coisa para se falar sobre esses produtores, outros festivais que não foram citados e outras produções que ficaram de fora. Também não desprezo as produções do mainstream, como Branca de Neve e os espetáculos que só o SESC traz para a cidade. E isso será feito e muito discutido por aqui, mas por hora quero agradecer a todos os artistas de Campo Grande e de fora por colocarem mais vida e mais cor nas ruas morenas!
Thiago Moraes
NAJON
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