sábado, 19 de fevereiro de 2011

7 Perguntas para Essi!

Campo Grande exibiu sábado dia 05 de fevereiro o curta-metragem “Ela veio me ver”. A história de dois adolescentes em seu primeiro encontro. Filmado e produzido em Campo Grande, estreado na Mostra de Cinema de Tiradentes(janeiro 2011), selecionado para o Chicago Latino Film Festival e, esta semana, em turnê nacional no 3° Festival do Júri Popular! Fomos atrás do Essi Rafael, idealizador do curta, para um bate-papo rápido!





Por que o uso do cinema?

Eu acho que o cinema te transporta, é um lugar que eu me sinto bem. Desde criança, você entra no cinema e sente emoções que às vezes na vida, sua vida cotidiana, você não sente. Eu acho que o cinema é uma expressão muito forte, é a vida concentrada. O cineasta e toda a equipe trabalham para nessas duas horas condensar elementos muito importantes da vida. E eu acho que no cinema tem um sentimento forte! Eu não esqueço, de quando criança, você vai, você fica impressionado e quer voltar toda vez, tem uma envolvimento emocional muito grande que você não encontra na vida cotidiana.

Como foi o processo de produção do Curta “Ela veio me ver”?

Quando a gente passa pro lado de trás da produção é tudo mais trabalhoso, né? Não tem nenhum segredo. É relativamente simples, mas é trabalhoso você tem que correr atrás de uma série de coisas. Começando pelo, no caso, dinheiro se você quer trabalhar com uma equipe maior, com uma estrutura maior. Conseguir dinheiro não é fácil e quando você consegue às vezes é pouco, todo mundo ganha mal e tem toda a questão: que você lida com gente, com uma equipe grande. Você tem que aprender a lidar com as pessoas. E até como crescimento individual! To no começo de carreira, eu tenho muita coisa para aprender como todo mundo aqui. Tenho muito a aprender. Então é um processo bem complicado, cinema por ser uma arte coletiva assim que junta várias artes, que você trabalha com som, com imagem, com música, com atuação, teatro, é muita coisa. Então tem uma dificuldade muito grande de juntar tudo isso e fazer uma obra bacana que tenha algum sentimento disso tudo mas.. é isso aí se você gosta você tem que correr atrás. Foi difícil, dois anos de produção, mas é isso aí o tempo médio de produção, no Brasil, é por aí mesmo!

Com a exibição do cinemark, em Campo Grande como você vê a relação do cinema e exibição aqui. O que você acha de toda a situação do cinema agora aqui, especificamente, e no Brasil?

É complicado! A situação do cinema não está numa época legal. Aqui em Campo Grande, especificamente, o Cinecultura fechou, e já não era muito bem freqüentado. Também já diz muito da situação, mas a verdade grande parte do cinema brasileiro as pessoas desconhecem. O que é uma pena! Eu fiquei muito feliz com a exibição no Cinemark, por que teve um comparecimento grande, mas é um público bem especifico! Realmente é um público bem especifico, voltado e com interesse bem particular de cultura. Não é aberto pro grande público, vamos dizer assim. Isso ainda está bastante deficiente. O nosso nicho, assim, onde a gente pode por o filme, é esse local, mais especifico mesmo: festivais de cinema, freqüentados por pessoal da área. Eu não sei, acho que ainda tem que melhorar muito! Se você for ver o que tá em cartaz não tem muita opção nacional, e tem filmes muito bons brasileiros. Também não é fácil se você olhar ao redor do mundo, na verdade a questão é complexa em todo lugar! Se for nos Estados Unidos também é assim, se for na Europa. Então não adianta ficar penalizando-se, enquanto realizador você tem que tentar fazer uma obra que te satisfaça, que você tenha orgulho, e que você tente passar o que você pode passar, se você puder avançar em alguma coisa, ótimo! Mas a gente tem que jogar com o que você pode fazer. Se dá pra passar aqui no Cinemark, vamos passar, se dá pra passar nas escolas, vamos passar nas escolas. Faz o possível, mas não é exatamente uma situação boa!

Aqui em campo grande, tenho visto surgir bastante cineclubes, você pretende passar em cineclubes? E como fazer essa distribuição, não só desse, mas dos próximos curtas?

Os cineclubes. É uma alternativa super viável, acho que é uma das grandes opções que a gente tem de trabalhar. Com certeza, vamos passar em cineclube também e a gente tem o Fora do Eixo que é uma organização que está surgindo agora, que tem toda uma rede de cineclubes, que eu acho que está crescendo bem. DF5. É exatamente. E poxa é um caminho super viável que você bota o filme em circulação por vários cineclubes pelo Brasil. Enfim eu acho super bacana participar de cineclube.

O filme trata de um relação adolescente mas não é só para adolescente, qual seu olhar sobre o filme?

É sobre adolescente! É realmente, você está me confundindo. Eu quis fazer assim a gente tem uma certa ingenuidade na adolescência, mas essa ingenuidade traz uma certa dor também né? É um jogo que a gente está descobrindo certas coisas e também começa a descobrir a dor, a gente fica machucado. Com certos sentimentos. Parecem tão puros e ingênuos. Para mim, era muito importante retratar de uma forma, sei lá, que dê pra sentir uma alma ali, uma veracidade, essa situação do adolescente. Assim, você quando tem um sentimento, você gosta de alguém, você não sabe, exatamente, o que fazer com ele, o que transformar, o que fazer desses sentimentos. Por que você vê as referências de televisão, tudo parece que é super simples né? E tudo ao redor! E aí chega na hora, você não entende mas por que é tão difícil?! Eu não sei. Eu acho que seria um pouquinho de angustia junto com essa ingenuidade. A ingenuidade trazendo também um pouquinho de dor. Isso ae. Do ponto de vista da historia.

Por que filmar em campo grande?

Ah, por que Campo Grande é minha segunda cidade, eu sou de Aquidauana, mas Campo Grande sempre foi a cidade que ia fim de semana, sempre era. Eu acho assim filmar em casa tem um sabor especial. Você pode, acho que essa historia pode tranquilamente passar em qualquer cidade, assim, não vai alterar os rumos da estória. Fazer cinema em casa tem um gosto bastante especial dá um orgulho. Poxa! É onde você se sente mais confortável, né? São ruas que eu realmente passei na minha vida, são coisas, locais que eu conheço eu vivi. Para mim como realizador dá um gostinho a mais, mas faz diferença!

E algumas palavras pra quem está começando e pra quem gosta.

Primeira coisa que você tem que ter é perseverança. Não! O primeiro de tudo: você tem de gostar, né? Gostando muito você tem que ser muito paciente, viu? Às vezes não dá certo de cara. Até você entender mais ou menos como é que funciona o mundo de uma forma razoável, que você pode ter uma autonomia. O que fazer. Por que a primeira coisa é saber o que fazer. Não é tão fácil quanto parece! A gente diz “ah vou fazer filme”, mas não é exatamente bem assim, né? Então a agente vai se estruturando aos poucos, a recomendação maior é ter perseverança, ter senso crítico e procurar melhorar sempre. E você vai vendo os meios de exibição, que seja Youtube, o que for mais condizente com o seu estado atual e o que você pode fazer no momento. Se você tem uma camerazinha: filmar e botar na internet,faça isso! Se você tem uma condição de fazer uma coisa um pouquinho maior: faz um pouquinho maior. Mas é isso ai! Sempre com vontade, perseverança, acho que é a única coisa que dá pra falar!

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